segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

IPEA Lança Importante Trabalho Sobre Desigualdades no Acesso a Oportunidades para as Principais Cidades Brasileiras

O trabalho analisa as condições de acesso a oportunidades de emprego, serviços de saúde e educação para as 7 capitais mais importantes de país.O trabalho reuni métodos inovadores, como o agrupamento de informações por grade de hexágonos, e o processamento de dados GTFS (feeds do transporte público).
O processamento de informações geográficas por grades permiti comparações ao longo do tempo. Malhas de setores censitários mudam conforme se altera o adensamento das cidades dificultando comparações em escala de detalhes. Os hexágonos são também uma forma geométrica com maior número de arestas, o que melhora a qualidade dos resultados em algoritmos complexos de análise espacial que ponderam as vizinhanças entre os polígonos.


Acesso a serviços de saúde de média complexidade por transporte público nos tempo de 1h, 90 min e 2hs.
O processamento de dados públicos de transporte público em formato general transit feed specification (GTFS) permitiu a análise de dados de origem e destino para além das cidades que possuem pesquisa OD (Origem Destino). Esses dados permitem pensar o acesso a cidade por transporte público para um conjunto mais amplo de cidades. Como na figura acima o acesso a serviços de saúde na cidade do Rio de Janeiro. Revelam também a carência de serviços, apenas a população da região central e norte é coberta em um intervalo de até uma hora. Nesse visualizamos a propagação a partir dos serviços.


Acesso a oportunidades de trabalho por transporte público em 1h, 90 min e 2hs.


Em São Paulo é crítica a condição de acesso a oportunidades de trabalho. A cidade cresceu como uma vocação fabril, essa vocação ordenou sua ocupação para as margens das vias de transporte, primeiro ferroviário, depois rodoviário. O processo de desindustrialização e redirecionamento para serviços deixou a maioria dos paulistanos longe das posições de emprego que se concentram na região central e quadrante sudoeste.
A demografia gerada pelo censo do IBGE também foi adequada aos hexágonos, gerando um resultado com granulometria geográfica uniforme, muito interessante para um olhar mais detalhado sobre a desigualdade nas cidades.

A população negra se concentra na periferia de Salvador, brancos ocupam a orla.

As contradições do racismo estrutural se apresentam na ocupação do território, Salvador é uma cidade de maioria negra, no entanto, essa população vive na porção periférica do território, com menor oferta de serviços públicos, privados e de empregos.
Para o conjunto de mapas acima usamos 4 classes com intervalos iguais para representar tanto os tempos de deslocamento como a cor de pele em Salvador.No caso dos dados de cor de pele em Salvador ponderamos os valores pelo total de moradores de cada hexágono.




Em São Paulo a renda segue concentrada, a cidade mais rica se destaca quando o assunto é desigualdade. Para representar esse cenário utilizamos 7 classes para renda, evidenciando as pessoas com renda até 1 salário mínimo, esse grupo se concentra no extremo das periferias de São Paulo. Já a renda mais alta coletada na operação censitária de 2010 com valores acima de 20 salários mínimos tem presença na região do Morumbi, região que também abriga a favela de Paraisópolis. Essa região é símbolo da desigualdade social em São Paulo.

O acesso extrapola a existência da vaga no serviço público e mesmo a manutenção de pessoal e provimento de materiais. O acesso por transporte público é muito importante para assegurar o direito a saúde do cidadão. Além dos tempos acumulados, o trabalho também apresenta o tempo mínimo a partir de cada célula para um serviço de saúde em diferentes classes.




 
O relatório e o conjunto de dados vale a análise de todos os que tem um interesse em conhecer atuar sobre as desigualdades sociais no Brasil. Acesse o estudo em: https://www.ipea.gov.br/acessooportunidades/publication/2019_td2535/


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